sábado, 3 de fevereiro de 2024





 

segunda-feira, 1 de agosto de 2022


 

terça-feira, 9 de novembro de 2021

Sganzerla sobre Mizoguchi





 

sexta-feira, 23 de outubro de 2020


 

quinta-feira, 4 de abril de 2019

O lugar da morte.

"O cinema que eu creio possível e útil passa a vida a medir forças com a morte. Mas é um combate em que também é necessário guardar as distâncias e sobretudo aprendê-las. A elipse é uma zona obscura, uma espécie de limbo, enegrecido pelo tempo, onde vamos perseguir a morte protegidos pelo amor.É o presente. Neste filme a elipse começa nas cruzes do cemitério do Tarrafal, em Cabo Verde, e acaba na cama de hospital dum operário cabo-verdiano, em Lisboa. É esse o trabalho da mise-en-scene: tactear na escuridão, aprender o caminho e saber a distância que separa dois sítios onde a morte mostrou - e continua quotidianamente a mostrar - a sua cara.A elipse, nos meus dois filmes, é esta cara da morte que nos olha de frente e nos sorri.Olhá-la, temê-la, vencê-la. É o esforço das crianças de O SANGUE, é a agitação e a febre de Mariana, a obstinação e a inocência de Tina ou o sofrimento e a memória de Edite, em CASA DE LAVA. É sempre o mesmo combate irracional e desumano para animar esse rosto petrificado que nos mostra os dentes. É preciso acordá-lo, fazê-lo reviver. Isso faz-se com os braços, com os olhos, com a cabeça. Faz-se entre dois planos, no escuro da noite, em segredo.É o cinema... o cadáver de um pai, transportado pelas margens do Tejo... um operário em coma, passeia de carroça, guiado por uma rapariga que não acredita em fantasmas..."Se tens medo dos mortos, tens medo dos vivos." Dizem os cabo-verdianos e é a minha razão para fazer filmes." (Pedro Costa)